segunda-feira, 6 de março de 2017

Dona Tereza, 77

No último sábado (04/03) estivemos no hospital Medina para mais um dia de missão.
Já são 7 anos de trabalho no mesmo hospital, e em cada visita as experiências são diferentes.
Depois de realizar todas as visitas, uma das enfermeiras nos parou no corredor e falou: Vocês foram ver a dona Tereza?
Na sequência eu respondi: Dona Tereza? Não encontramos essa paciente.
Ela nos informou que a dona Tereza estava no último quarto, na última porta. Último quarto? Mas nós fomos em todos, eu afirmei categoricamente.
Vocês precisam ir ver a dona Tereza respondeu ela.
Infelizmente como o hospital de Poá está passando por algumas mudanças, não percebemos que o quarto que era usado antes como isolamento na verdade era usado agora como um leito comum. O que me chamou a atenção e o fato de não termos visto esse quarto antes é que tinha um monte de bagunça na entrada do mesmo.
Ao entrar no quarto nos deparamos com a seguinte cena: Um jovem por volta dos seus 17 ou 18 anos, com um boné maneiro e a orelha furada. Ele estava alisando os cabelos de uma senhora de 77 anos com a pele bem marcada pela idade, de cabelos branco e compridos.
O cabelo dela me fez pensar no quanto ela seria vaidosa no cuidado dele, um cabelo bem arrumado, e o seu neto (fiquei sabendo depois que ele era o neto dela) passava a mão como se estive penteando para ela.
A dona Tereza estava com os olhos entre abertos, e chorava muito. Ela não interagia conosco, e o seu neto falava: Olha vó, a sra. tem visita, e mesmo assim a dona Tereza não parava de chorar.
Em casos assim o nosso trabalho se resume em fazer uma oração, e se possível cantar uma música, mas a dona Tereza chorava muito. Partimos para a opção de cantar uma música bem calma, lenta e suave. O Gustavo (dr. GutoLac) deu os primeiros acordes e começamos a cantar: “Cristo cura sim, Cristo cura sim, seu amor por nós é imenso, Ele cura sim”. Fizemos uma versão acústica e quase silenciosa dessa música, e algo extraordinário aconteceu: a dona Tereza parou de chorar.
Eu fiquei parado olhando a cena, enquanto o Gustavo e a Camila continuavam a cantar eu fui percebendo a dona Tereza, e a cada nota, a cada acorde, a cada palavra que saia dessa melodia, ela respirava mais calma e o choro parou.
Terminamos a música e a dona Tereza estava dormindo.
Emendamos uma nova música (Mais perto quero estar) e o neto da dona Tereza falou: Ela dormiu.
Ele nos agradeceu, fizemos uma oração e fomos embora.
O choro acabou, a dona Tereza estava descansando.
Sempre gostei de música, e sempre soube do impacto que ela causa nas nossas vidas, mas essa foi a primeira vez que eu vi a música entrar como uma mensagem de bálsamo e refrigério na vida de alguém.
Pode ser que eu nunca mais veja a dona Tereza, mas uma coisa eu tenho certeza, ela entendeu o recado de que Cristo é o médico dos médicos e que ele cura segundo a vontade D´Ele, e aqueles que esperam em Cristo, mesmo que estejam passando por dores e sofrimentos, saibam que ele tem um bálsamo, um refrigério para as nossas vidas, pois Ele nos leva para pastos verdejantes e águas tranquilas e renova as nossas almas pela vereda da justiça por amor do nome Dele. (Salmos 23:2-3)

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